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25 de dezembro de 2015

O “SIM” DE MARIA


Diz o Evangelho: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim a tua palavra” (Lc 1, 38)
Através de seu “sim”, entrou em ação o plano misterioso da Trindade, não só de mandar o Filho descer ao mundo dos homens, para fazer uma experiência humana; de ser gerado nas entranhas de uma mulher, de permanecer ali durante nove meses, de vir ao mundo pelo meio natural do parto; de ter uma família constituída segundo a lei, de passar pela infância, a adolescência, e chegar à vida adulta; de experimentar os sentimentos de amor, saudade, fraternidade, tentação, desprezo, traição, paixão e morte, e de presenciar as maiores injustiças e os maiores absurdos praticados pelos homens; mas principalmente de vir aqui para dar o exemplo e ensinar como se vive para conquistar o paraíso, morada do Pai e local de onde veio.
Maria não só concordou com a missão que lhe era posta como também se colocou numa condição de serva: “Eis aqui a serva do Senhor.” Serva, por assim dizer, é a mulher que não possui liberdade própria ou que não tem a livre disposição da sua vontade, dos seus pensamentos e dos seus atos. Pode ser a criada, a serviçal, a que presta serviços domésticos. Maria, na verdade, se entregou totalmente ao Pai. A partir daquele “sim”, a sua liberdade, a sua vontade, os seus pensamentos, os seus atos, os seus projetos, tudo passava a pertencer ao seu Deus, na sua totalidade.
A bem da verdade, o “sim” de Maria poderia não ter acontecido. Ela estava perfeitamente livre para pronunciá-lo, para omitir-se ou até mesmo para proferir um “não”. E como ponto de reflexão, é bom deixar claro que Deus respeita a individualidade de cada um de seus filhos. Ele fala por meio de diversos modos e de diferentes pessoas e situações. Ele convida. Ele chama. Ele insiste. E fica aguardando a resposta, que é personalíssima, podendo constituir-se de uma manifestação afirmativa, negativa ou omissiva. E com Maria não seria diferente. Em razão disso ela não estava obrigada a acatar plenamente as decisões dos céus. O seu “sim” foi proferido de maneira livre e consciente, sem imposição nem constrangimento.
Como pessoa sensata, que raciocina e procura todos os esclarecimentos necessários para se livrar das incômodas dúvidas que perturbam a alma, bastou que se sentisse plenamente segura e convencida da missão que lhe era proposta, para pronunciar o famoso “sim”: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim a tua palavra”.

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