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25 de dezembro de 2015

O QUESTIONAMENTO DE MARIA



Diz o Evangelho: “Maria perguntou ao anjo: ‘Como se fará isso, pois não conheço homem?’ Respondeu-lhe o anjo: ‘O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus. Também Isabel, tua parenta, até ela concebeu um filho na sua velhice; e já está no sexto mês aquela que é tida por estéril, porque a Deus nenhuma coisa é impossível’. Então disse Maria: ‘Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim a tua palavra.’ E o anjo afastou-se dela”. (Lc 1, 34-38)
Fato que merece destaque é que Maria, ao que tudo indica, mesmo sendo ainda jovem já se mostrava detentora de sabedoria e de discernimento das coisas da vida. Certamente já conhecia a história de seu povo. Sabia que ao longo do tempo as meninas e as adolescentes já vinham sendo preparadas para a eventualidade da escolha daquela que seria a mãe do Salvador. Tudo por conta da profecia, bastante difundida, em Isaías, 7,14: “Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco”. 
Maria poderia ter sido tomada pela vaidade, diante daquela notícia envaidecedora aguardada pelas famílias judaicas. Afinal de contas a jovem escolhida seria motivo de destaque na sociedade, proporcionando elevado status à sua família. Num comportamento puramente humano, a mulher escolhida não pensaria duas vezes para dar o “sim”. Questionar para quê se a maternidade do Filho de Deus era um orgulho para todas as jovens de sua idade?
Maria demonstrou humildade e maturidade. Agiu como toda pessoa sábia e sensata. Primeiro, ficou assustada, o que se permite dizer que é perfeitamente normal em situações semelhantes; em seguida, pôs-se em posição reflexiva, porque entendeu a profundidade da proposta. Ouviu em silêncio os argumentos do emissário do Pai e, desejando saber mais detalhes, educadamente questionou: “Como se fará isso, pois não conheço homem?” Maria tinha razão, pois escapava da mente de qualquer ser pensante a possibilidade de ser mãe naquelas condições, isto é, sem que houvesse prática sexual entre o homem e a mulher.
O anjo apresentou os esclarecimentos necessários, para que ela tivesse a consciência exata da amplitude do seu gesto. Disse: “O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus”. 
Não ficou só nisso. Percebendo que Maria não estava plenamente convencida, o enviado de Deus achou por bem dar-lhe uma prova, a fim de que pudesse sentir-se mais segura para decidir, pois do seu sim dependeria a execução do plano divino de salvação da humanidade. E acrescentou: “Também Isabel, tua parenta, até ela concebeu um filho na sua velhice; e já está no sexto mês aquela que é tida por estéril, porque a Deus nenhuma coisa é impossível”.
Foi aí que Maria, antes, confusa; mas, depois, de forma decisiva, e julgando-se indigna de tão elevada honra inclinou com humildade, dizendo: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim a tua palavra”. (Lc 1, 38) E o anjo afastou-se dela. E naquele mesmo instante o Verbo de Deus encarnou-se no seu seio virginal. “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós.”, diz João, 1, 14.

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