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1 de março de 2014

A FOTOGRAFIA DO ANJO

Dona Clara era somente preocupação, pois era a primeira vez que os netos demoravam tanto.
- Cadê as crianças que já deviam ter chegado? – indagava aflita a avó.
- Menino é assim mesmo, minha velha! – acalentava o vovô Geraldo: – Logo tão aí de volta sãos e salvos.
Ocorre que tentaram mesmo voltar para casa, mas não sabiam se caminhavam para a direita ou para a esquerda. Estavam irremediavelmente perdidos no mato. Andaram um pouco por uma direção, depois, não satisfeitos, seguiram por rumo oposto, sem obter sucesso na caminhada.
Desolados, sentaram-se na areia. E lá permaneceram um bom tempo. Choraram choro estridente e triste agarrados um ao outro, o que foi a sorte deles, pois o vento que soprava para aquelas bandas levou os seus apelos aos ouvidos de um ilustre pescador que pescava um pouco mais abaixo, atraindo-o para aquela direção.
Tratava-se de um fotógrafo, também de férias, que eventualmente tentava fisgar alguns peixinhos, mas que não largava de seu instrumento de trabalho: a máquina fotográfica.
Chegando ao local onde se encontravam os guris, assustou-se. Não podia acreditar no que seus olhos viam. É que as crianças, tomadas pela fome, subiram numa árvore para apanhar alguns frutos. Nada de anormal se os galhos em que estavam trepados não estivessem dando por sobre a metade de um poço profundo, de águas paradas, que logo adiante se deslizavam velozmente para formar uma grande cachoeira.
Se caíssem dali era morte na certa. O fotógrafo, vendo o perigo pelo qual passavam os garotos – se contasse depois ninguém acreditaria –, mais do que depressa registrou o fato nas lentes de sua máquina, para em seguida ajudá-los a pegar o caminho de volta para casa.
No outro dia, quando terminou de revelar a foto, o retratista não se conteve de espanto e saiu em disparada, a fim de mostrá-la aos avós das crianças.
Dona Clara, ao constatar o milagre, bateu os joelhos ao chão em agradecimento a Deus, pois a foto mostrava o anjo da guarda amparando e protegendo os dois meninos para não caírem ao rio.
(Do livro CAUSOS INCAUTOS, de Elson G. Oliveira)

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