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1 de novembro de 2013

Bullying e Cyberbullying. Como combater

A prática do bullying infelizmente é uma realidade ainda em crescimento, especialmente em ambiente escolar, incomodando educadores e chefes de família em praticamente todas as localidades. Diariamente alunos são vítimas, no mundo inteiro, de certo tipo de violência que vem camuflada em forma de “brincadeira”, às vezes até com aparência inofensiva, mas que pode gerar consequências desastrosas na vida da criança e do adolescente, provocando traumas irreparáveis. É comum presenciar no ambiente escolar um aluno “zoando” o outro com apelidos pejorativos, risadinhas irônicas, empurrões, tapas, fofocas, mentiras etc. Outra prática é “gelar” o(a) colega, excluindo-o(a) do relacionamento costumeiro do grupo. Outra ainda é esbofetear ou provocar a queda do(a) colega, principalmente em local onde a pessoa possa se sentir humilhada e derrotada, como o caso do adolescente tímido e fraco fisicamente que todos os dias, ao passar perto de determinados colegas, no pátio, na hora do recreio, ou na entrada e saída da escola, recebe um tapa na cabeça ou sofre uma queda em razão de alguém colocar o pé propositalmente para que tropece, de forma inexplicável. Esse tipo de comportamento, considerado normal por muitos pais, alunos e até professores, está longe de ser inocente. Trata-se de uma prática tão comum entre crianças e adolescentes que recebe até um nome especial: bullying. O termo vem do inglês e designa agressões reiteradas entre estudantes. Traduzido literalmente, seria algo como intimidação. Em outras palavras, pode-se dizer que quem sofre com o bullying é aquele(a) aluno(a) perseguido(a), humilhado(a), intimidado(a). E as vítimas do bullying, por medo ou vergonha, sofrem em silêncio, sem exteriorizar nenhuma reação. Bullying, assim, é constituído pela prática de atos provocativos e intimidatórios, intencionais, reiterados e injustificados, direcionados a alguém do próprio convívio social. Desta forma, embora o bullying seja um ato de violência, tem-se que nem toda violência é considerada bullying. O ato isolado não o configura. Somente a prática reiterada – vale dizer: não isolada – de intimidação, provocação, humilhação, escárnio o constitui. Na internet, essa prática agressiva é conhecida como cyberbullying e se caracteriza quando sites da ueb, como Orkut e Twitter, são utilizados para denegrir, depreciar, hostilizar, incitar a violência e adulterar fotos e dados pessoais como forma de constrangimento psicossocial. Portanto, não se trata de brincadeiras ou desentendimentos corriqueiros e ocasionais. Especialistas revelam que esse fenômeno, que acontece no mundo todo, poderá provocar nas vítimas, notadamente nas crianças e adolescentes, distúrbios os mais diversificados ao seu desenvolvimento psíquico, como queda da autoestima, depressão e, em certos casos, até suicídio ou outras tragédias, como lesão corporal ou mesmo homicídio. E os autores do bullying podem adotar comportamentos de risco, de prática de atos infracionais ou criminosos e acabarem tornando-se adultos violentos, sujeitos a responder na justiça pelos seus atos ilícitos e a compor danos morais em favor de suas vítimas. Entendida em sua forma mais ampla, essa prática agressiva denominada bullying atinge a convivência familiar e as relações com os amigos, ambiente de trabalho ou qualquer grupo de que faz parte o indivíduo. No seio da família, infelizmente, os idosos são as principais vítimas. Como combater a prática ostensiva do bullying e cyberbullying? Primeiro, conscientizar-se de que não se trata de mera brincadeira, de atos inofensivos e sem importância, próprios das crianças ou adolescentes, e deixar que seus autores ajam livremente, sem repressão alguma. Segundo, não se pode permitir que tal malefício se propague, sob pena de comprometer o ambiente escolar. Se a escola não se acha preparada para o combate, que então diligencie no sentido de qualificar os seus membros o quanto antes, pois tanto a educação quanto a segurança constituem direitos do cidadão e deveres do Estado. Terceiro, é imprescindível que a família e a escola se empenhem em mostrar às crianças e aos adolescentes a necessidade da prática de outros valores, como o respeito ao semelhante, a amizade, o amor recíproco, o relacionamento pacífico entre as pessoas e o amor de Deus para cada um de seus filhos. Talvez esteja aqui a chave para a solução de uma prática tão abusiva e tão desrespeitosa para com o ser humano. Os ensinamentos de Jesus Cristo são direcionados para rumo oposto à prática do bullying ou cyberbullying. Suas palavras são de justiça, amor, perdão, misericórdia... E o seu reino, que não é deste mundo, começa aqui: “Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra; os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados; os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia; os puros de coração, porque verão a Deus; os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus; os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus!” (Mt 5,5-10). Elson Gonçalves de Oliveira é advogado (e-mail: elson.go@hotmail.com)

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