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28 de janeiro de 2015

DIÁLOGO NA FAMÍLIA

No relacionamento familiar, não só no que se refere a marido e mulher como também entre pais e filhos, é imprescindível que haja sempre diálogo como forma racional para discutir projetos e buscar solução para os impasses que surgem no dia a dia. Hoje os problemas da família não são mais resolvidos com imposições ou gritarias, mas, sim, mediante uma boa conversa e um bom diálogo.
Sabe-se que amor não é objeto da razão. Não se ama a pessoa escolhida, mas se descobre amando alguém. Nessas condições, é grande o número de casais que nunca deveriam estar juntos, quer pela incompatibilidade de gênios, quer pelas circunstâncias que envolvem o casamento. No entanto, conseguem levar avante com êxito a vida conjugal, porque formam o hábito de dialogar e encontram meios de cultivar seu amor. É o próprio amor que os impele a esse aprendizado.
Mas o que é mesmo diálogo? Pode ser aquela conversa sincera, calma e paciente, ou até mesmo franca, na qual ambos admitem perder a própria opinião e conceitos em busca de um ponto de vista final que será de ambos e não mais de um só. É o fazer-se um com o outro, a fim de que se concretize a promessa de Jesus: "Onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles." (Mt 18, 20).
À medida que um dos dois está pronto para renunciar às suas ideias e o outro o faz da mesma forma, estando ambos com o coração aberto e em nome de Jesus, aí a decisão que nasce é fruto de Jesus no meio e não da inteligência individual de qualquer deles.
É fácil promover ou sustentar um diálogo? Claro que não. Muito mais fácil é dar ordens, impor condições, fazer prevalecer os próprios pontos de vista. Dialogar significa perder ideias, ouvir pacientemente o que o outro tem a dizer, entender o que há de positivo nas suas contra-argumentações, penetrar na sua alma para compreender melhor.
Ninguém nasce com disposição e facilidade para dialogar. É preciso aprender, na prática. E como se trata de um exercício do dia a dia, é necessário haver insistência e humildade, como também local adequado, hora oportuna, respeito ao outro, mútua sinceridade e, principalmente, coragem para admitir os próprios erros e entender que é hora de mudar. O egoísmo manda que se exija do outro mudança de comportamento, de atitude, de mentalidade, de tratamento, ao passo que, primeiramente, é a própria pessoa que deve mudar. Se isso acontecer, isto é, se primeiro se muda, logo o outro se transformará também, contaminado que ficará pelo ato de amor que o atinge. Mesmo que demore um pouco, mas os efeitos do amor são irresistíveis.
Deus sempre se comunicou com o homem através do diálogo. Ele incentiva e fica aguardando a resposta do homem, para então retomar o diálogo. Foi assim na conversa com Adão e Eva, no episódio do fruto proibido; com Caim, depois da morte de Abel; com Moisés, na fuga do cativeiro do Egito. E assim por diante.

Se Deus, que é perfeito, não impõe nem ordena, mas dialoga e propõe, com muito mais razão nós humanos, que somos imperfeitos, temos a obrigação de promover a habitualidade do dialogar-se e jamais decidir pelo monólogo, dominar o outro ou resolver por ele.

Uma boa condição para o diálogo em família é que não haja interferência de terceiros. Problemas domésticos devem ser resolvidos na privacidade familiar. E quando se fala em terceiros, estão incluídos sogro, sogra, cunhados e outros. É como se apregoa: "Roupa suja se lava em casa". Pessoas outras ali por perto podem inibir a conversa ou provocar brigas e discussões desagradáveis. Quando a questão deve ser resolvida entre marido e mulher, é melhor que ambos saiam para conversar livremente, a sós. Foi a eles e não a terceiros que Deus concedeu a graça de discutir e resolver os seus problemas familiares. É deles e não de terceiros que será exigida prestação de contas sobre os deveres conjugais e os inerentes ao poder familiar.

Com relação aos filhos, para o adulto é sempre difícil baixar-se (ou elevar-se?) ao nível da criança ou do adolescente. Contudo, o bom diálogo exige esse pequeno esforço, que não chega a ser um sacrifício, especialmente dos pais para com os filhos. É preciso desarmar o coração e imprimir uma conversação tal que o filho entenda a mensagem que se quer transmitir e que se sinta à vontade para exprimir suas dificuldades e suas opiniões. Imaginar que os conceitos dos pais devem sempre prevalecer, por entender que os filhos nada sabem ainda da vida, é um grande erro. É subestimar o exercício da boa educação.
Diálogo, onde só um fala, não é diálogo, é monólogo. E diálogo, onde um ordena e não ouve o outro, também não é diálogo, mas, como se diz na expressão popular: "Diga logo!".
(DO LIVRO "FAMÍLIA FELIZ", de Elson G. Oliveira, à venda na Livraria Saraiva)

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