Páginas

18 de março de 2015

HISTÓRIA DA MÚSICA SERTANEJA

Música sertaneja ou música caipira? Não importa, é a mesma coisa. Há quem faça uma diferenciação aí, mas pra mim é a mesma coisa. A modernização da música caipira aconteceu em decorrência do êxodo rural para o centro urbano. A música e toda a sua cultura seguiram com o sertanejo para a cidade.
Música sertaneja ou música caipira é um gênero musical do Brasil produzido a partir da década de 1910 por compositores rurais e urbanos.
Outrora a música sertaneja foi chamada genericamente de modasemboladas, e fado português, em que o som da viola era predominante.
O folclorista Cornélio Pires conheceu a música caipira no seu estado original, nas fazendas do interior do Estado de São Paulo e assim a descreveu em seu livro "Conversas ao pé do Fogo". Ele escreveu assim: "Sua música se caracteriza por suas letras que lembram as típicas historias do sertão”.
 Cornélio Pires em seu livro "Sambas e Cateretês" recolheu letras de músicas cantadas nas fazendas do interior do Estado de São Paulo no início do século XX, antes de existir a música caipira comercial e gravada em disco. Sem o livro "Sambas e Cateretês" estas composições teriam caído no esquecimento. Imagina!...
Inicialmente esse estilo de música foi propagado por uma série de duplas, com a utilização de violas e dueto vocal. Esta tradição segue até os dias atuais, tendo a dupla geralmente caracterizada por cantores com voz tenor (mais aguda), nasal e uso acentuado de um falsete típico. Enquanto o estilo vocal se manteve relativamente estável ao longo das décadas, o ritmo, a instrumentação e o contorno melódico incorporaram aos poucos elementos de gêneros disseminados pela indústria cultural.
Destacaram-se inicialmente, entre as duplas pioneiras nas gravações em disco de vinilZico Dias e FerrinhoLaureano e SoaresMandi e Sorocaba e Mariano e Caçula. Foram as primeiras duplas a cantar principalmente as chamadas modas de viola, de temática principalmente ligada à realidade cotidiana - casos de "A Revolução Getúlio Vargas" e "A Morte de João Pessoa", composições gravadas pelo duo Zico Dias e Ferrinho, em 1930, e "A Crise" e "A Carestia", modas de viola gravadas por Mandi e Sorocabinha, em 1934.
Gradualmente, as modificações melódicas e temáticas (do rural para o urbano) e a adição de novos instrumentos musicais consolidaram, na década de 1980, um novo estilo moderno da música sertaneja, chamado hoje de "sertanejo romântico". Primeiro gênero de massa produzido e consumido no Brasil, sem o caráter geralmente épico ou satírico-moralista e menos frequentemente, lírico do "sertaneja de raiz".
Tais modificações dentro do gênero musical têm provocado muitas confusões e discussões no país acerca do que seria música caipira/sertaneja. Críticos literários, críticos musicais, jornalistas, produtores de discos, cantores de duplas sertanejas, compositores e admiradores debatem sobre as quais seriam as formas artísticas de expressão do gênero, que levam em conta as mudanças ocorridas ao longo de sua história.
Muitos estudiosos seguem a tendência tradicional de integrar as músicas caipira e sertaneja como subgêneros dentro de um só conjunto musical, estabelecendo fases e divisões: de 1929 até 1944, como "música caipira" (ou "música sertaneja raiz"); do pós-guerra até a década de 1960, como uma fase de transição da velha música caipira rumo à constituição do atual gênero sertanejo; e do final dos anos sessenta até a atualidade, como música "sertaneja romântica". 
Outros no meio acadêmico, no entanto, consideram "música caipira" e "música sertaneja" gêneros completamente independentes, baseados na ideia de que a primeira seria a música rural autêntica e/ou do homem rural autêntico, enquanto a segunda seria aquela feita, como "produto de consumo", nos grandes centros urbanos brasileiros por não-caipiras. Outros autores estendem o conceito de música caipira/sertaneja ao baião, ao xaxado e outros ritmos do interior do Norte e Nordeste.
Se for adotado o critério de que música caipira e sertaneja são sinônimos, pode-se dividir este gênero musical em alguns subgêneros principais: "Caipira" (ou "Sertanejo de Raiz”), "Sertanejo Romântico" e "Sertanejo Universitário".
A música sertaneja foi abraçada na sua essência nos Estados deSão PauloGoiás,  Minas GeraisParanáMato GrossoMato Grosso do SulRondônia e Tocantins. Ali se desenvolveu uma cultura do colono que encontrou abundância de águas, terra produtiva e um clima mais ameno, típico do cerrado.
Estudo mais apurado dá conta de que na história da música sertaneja são encontradas várias etapas, a saber:
1ª ETAPA: desde os primórdios, a partir de 1910, descoberta e incentivada por Cornélio Pires.
2ª ETAPA: a partir do surgimento das duplas Alvarenga e RanchinhoTorres e FlorêncioTonico e TinocoVieira e Vieirinha, Inezita Barroso e outros;
3ª ETAPA: do pós-guerra até os anos 60, com o surgimento da dupla Milionário & José Rico (Lembrando que José Rico faleceu semana passa e foi muito homenageado em todo o Brasil), com destaque também para Cascatinha e InhanaIrmãs GalvãoIrmãs CastroSulino e MarrueiroPalmeira e Biá, o trio Luzinho, Limeira e Zezinha (lançadores da música campeira) e o cantor José Fortuna (adaptador da guarânia noBrasil); outros nomes tiveram grande destaque, como a dupla Pena Branca e Xavantinho, que seguiam a antiga tradição caipira, enquanto o cantor Tião Carreiro inovava ao fundir o gênero com samba, coco e calango de sexo;
4ª ETAPA: Aparece no cenário o chamado sertanejo romântico. A introdução da guitarra elétrica e o chamado "ritmo jovem", pela dupla Léo Canhoto e Robertinho, no final da década de 1960, marcam o início da fase moderna da música sertaneja. Um dos integrantes do movimento musical Jovem Guarda, o cantor Sérgio Reis passou a gravar na década de 1970 repertório tradicional sertanejo, de forma a contribuir para a penetração mais ampla ao gênero. Renato Teixeira foi outro artista a se destacar àquela altura. Naquele período, os locais de performance da música sertaneja eram originalmente o circo, alguns rodeios e principalmente as rádios AM. Já a partir da década de 1980, essa penetração estendeu-se às rádios FM e também à televisão - seja em programas semanais matutinos de domingo ou em trilhas sonoras de novela ou programas especiais.
Durante os anos oitenta, houve uma exploração comercial massificada do sertanejo, somado, em certos casos, a uma releitura de sucessos internacionais e mesmo da Jovem Guarda. Dessa nova tendência romântica da música sertaneja surgiram inúmeros artistas, quase sempre em duplas, entre os quais, Trio Parada DuraChitãozinho & XororóLeandro & LeonardoZezé Di Camargo e LucianoChrystian & RalfJoão Paulo & DanielChico Rey & ParanáJoão Mineiro e MarcianoGian e GiovaniRick & RennerGilberto e Gilmar, além das cantoras Nalva Aguiar e Roberta Miranda. Alguns dos sucessos desta fase estão "Fio de Cabelo", de Marciano e Darci Rossi, "Apartamento 37", de Leo Canhoto, "Pense em Mim", de Douglas Maio, "Entre Tapas e Beijos", de Nilton Lamas e Antonio Bueno, "É o Amor", de Zezé Di Camargo e "Evidências", de José Augusto e Paulo Sérgio Valle.
5ª ETAPA: Nasce o sertanejo universitário, a partir no ano 2000. Houve uma crescente influência da música country norte-americana e da estética cowboy, observada nas suas vestimentas características e também no maior interesse pelas festas de rodeio e feiras agropecuárias, palcos para os novos cantores.
Contra esta tendência mais comercial da música sertaneja, reapareciam nomes como da dupla Pena Branca e Xavantinho, adequando sucessos da MPB à linguagem das violas, e surgiam novos artistas como Almir Sater, violeiro sofisticado, que passeava entre as modas de viola e os blues. Na década seguinte, uma nova geração de artistas surgiu dentro do sertanejo disposta a se reaproximar das tradições caipiras, como Roberto CorrêaIvan VilelaPereira da Viola e Chico Lobo e Miltinho Edilberto.
Como esse movimento não para e ganha cada vez mais adeptos, o mercado que antes tinha como foco de surgimento de duplas e artistas sertanejos no estado de Goiás, hoje tem eleito novos ídolos do estado de Mato Grosso do Sul como a revelação escolar Luan Santana e a dupla Maria Cecília & Rodolfo. Porém, Goiás não deixou de revelar nomes no cenário nacional, surgiram os já citados Jorge & Mateus e João Neto e Frederico sem falar de artistas vinculados ao sertanejo mais massificado da década anterior, como Guilherme & SantiagoBruno & MarroneEdson & Hudson, e outros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe Aqui Sua Opinião
!