O MUNICÍPIO DE SÃO MIGUEL DO PASSA QUATRO - ORIGEM
Praça Sebastião Gonçalves Da Silva
Av. Alcides Pereira de Castro
O Município de São Miguel do Passa Quatro foi criado pela Lei Estadual nº 10.432, de 9 de janeiro de 1988, publi-cada no Diário Oficial do Estado de Goiás no dia 28 de janeiro do mesmo ano, e instalado com a posse do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores eleitos simultaneamente com os dos demais municípios, no dia 1º de janeiro do ano de 1989.
A origem da povoação está evidenciada na iniciativa dos fazendeiros da localidade, que se viam isolados e distantes dos centros urbanos, com reais dificuldades para comercializar os seus produtos, adquirir bens de consumo e contratar serviços de primeira necessidade. Havia, portanto, urgência no sentido de agregar forças.
Um desafio que reclamava solução imediata era o sepultamento dos parentes mortos, que somente podia ser realizado em cidades como Silvânia, Bela Vista ou Orizona, distantes mais de quarenta quilômetros.
Sabe-se que naquela época as pessoas falecidas eram transportadas a pé, em banguês, resquícios ainda da escravidão, quando os escravos defuntos eram carregados em padiolas para as sepulturas cavadas em um lugar qualquer, normalmente à beira de estradas.
Ali por volta de 1928, já pronto o cemitério cuja construção fora autorizada pela Paróquia de Nosso Senhor do Bonfim, no início de 1923, e em volta dele algumas casas edificadas, os fazendeiros da redondeza decidiram erigir ali uma povoação em louvor a São Miguel Arcanjo. E a referência que se dava à povoação já era o Rio Passa Quatro, razão pela qual, com o uso, o povoado passou a ser denominado pelo povo como São Miguel do Passa Quatro.
Diz-se ainda que Felipe Luiz de Carvalho, mais conhecido na época por Felipe da Costa, e sua mulher, dona Antô-nia Pinto de Carvalho (Dona Antoninha), ambos já falecidos, teriam adquirido as terras onde hoje se acha a cidade, doando-as à Igreja, para então erguer-se o povoado. Porém a aquisição teria sido apenas verbal e somente cerca de dez anos depois se cogitou de providenciar a documentação. Foi então lavrada uma escritura em manuscrito e a título particular, assinada pelas partes, em Goiânia-GO, no dia 19 de agosto de 1938, e levada a registro ao cartório imobiliário de Silvânia, no mês seguinte.
Pelos documentos arquivados na Paróquia de Nosso Senhor do Bonfim, em Silvânia-GO, na data de 29 de setem-bro de 1939, o Patrimônio, como era popularmente chamado, foi oficialmente inaugurado com a primeira missa, e a povoação já contava com umas vinte casas.
Com relação ao estranho nome “Passa Quatro”, não se sabe ao certo qual a sua origem. No entanto, conseguiu-se apurar que, no passado, aquele local era um dos itinerários (não havia estrada) para transporte de mercadorias do Porto de Corumbá, na jurisdição de Santa Cruz para Vila Boa, por meio de carros de bois. Como a viagem era longa, os carreiros preferiam fazer o trajeto sempre em grupos constituídos de vários carros de bois, pelo princípio da solidariedade, já que aquele meio de transporte oferecia altas dificuldades para o carreiro, como quebra de canzil, de canga, apodrecimento das correias, acidente com os próprios bois etc. Numa dessas viagens, nem todos os carros puderam atravessar o rio por causa de uma enchente de altas proporções. Apenas quatro conseguiram a travessia.
Esse acontecimento ficou como referência. Toda vez que alguém se referia ao fato, ou àquele local, ou ainda ao ribeirão, dizia: “É lá onde passou quatro”. Com o uso, a expressão foi-se degenerando para “passa quatro”, que passou a ser o nome do rio: “Rio Passa Quatro”. E ao que tudo indica, o local da travessia pode ter sido nas imediações do que hoje ficou conhecido como região do Passaquatinho.
(Por Elson Gonçalves de Oliveira, advogado e escritor)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe Aqui Sua Opinião
!