Páginas

6 de novembro de 2013

O MUNICÍPIO DE SÃO MIGUEL DO PASSA QUATRO - ORIGEM

Praça Sebastião Gonçalves Da Silva
Av. Alcides Pereira de Castro
O Município de São Miguel do Passa Quatro foi criado pela Lei Estadual nº 10.432, de 9 de janeiro de 1988, publi-cada no Diário Oficial do Estado de Goiás no dia 28 de janeiro do mesmo ano, e instalado com a posse do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores eleitos simultaneamente com os dos demais municípios, no dia 1º de janeiro do ano de 1989. A origem da povoação está evidenciada na iniciativa dos fazendeiros da localidade, que se viam isolados e distantes dos centros urbanos, com reais dificuldades para comercializar os seus produtos, adquirir bens de consumo e contratar serviços de primeira necessidade. Havia, portanto, urgência no sentido de agregar forças. Um desafio que reclamava solução imediata era o sepultamento dos parentes mortos, que somente podia ser realizado em cidades como Silvânia, Bela Vista ou Orizona, distantes mais de quarenta quilômetros. Sabe-se que naquela época as pessoas falecidas eram transportadas a pé, em banguês, resquícios ainda da escravidão, quando os escravos defuntos eram carregados em padiolas para as sepulturas cavadas em um lugar qualquer, normalmente à beira de estradas. Ali por volta de 1928, já pronto o cemitério cuja construção fora autorizada pela Paróquia de Nosso Senhor do Bonfim, no início de 1923, e em volta dele algumas casas edificadas, os fazendeiros da redondeza decidiram erigir ali uma povoação em louvor a São Miguel Arcanjo. E a referência que se dava à povoação já era o Rio Passa Quatro, razão pela qual, com o uso, o povoado passou a ser denominado pelo povo como São Miguel do Passa Quatro. Diz-se ainda que Felipe Luiz de Carvalho, mais conhecido na época por Felipe da Costa, e sua mulher, dona Antô-nia Pinto de Carvalho (Dona Antoninha), ambos já falecidos, teriam adquirido as terras onde hoje se acha a cidade, doando-as à Igreja, para então erguer-se o povoado. Porém a aquisição teria sido apenas verbal e somente cerca de dez anos depois se cogitou de providenciar a documentação. Foi então lavrada uma escritura em manuscrito e a título particular, assinada pelas partes, em Goiânia-GO, no dia 19 de agosto de 1938, e levada a registro ao cartório imobiliário de Silvânia, no mês seguinte. Pelos documentos arquivados na Paróquia de Nosso Senhor do Bonfim, em Silvânia-GO, na data de 29 de setem-bro de 1939, o Patrimônio, como era popularmente chamado, foi oficialmente inaugurado com a primeira missa, e a povoação já contava com umas vinte casas. Com relação ao estranho nome “Passa Quatro”, não se sabe ao certo qual a sua origem. No entanto, conseguiu-se apurar que, no passado, aquele local era um dos itinerários (não havia estrada) para transporte de mercadorias do Porto de Corumbá, na jurisdição de Santa Cruz para Vila Boa, por meio de carros de bois. Como a viagem era longa, os carreiros preferiam fazer o trajeto sempre em grupos constituídos de vários carros de bois, pelo princípio da solidariedade, já que aquele meio de transporte oferecia altas dificuldades para o carreiro, como quebra de canzil, de canga, apodrecimento das correias, acidente com os próprios bois etc. Numa dessas viagens, nem todos os carros puderam atravessar o rio por causa de uma enchente de altas proporções. Apenas quatro conseguiram a travessia. Esse acontecimento ficou como referência. Toda vez que alguém se referia ao fato, ou àquele local, ou ainda ao ribeirão, dizia: “É lá onde passou quatro”. Com o uso, a expressão foi-se degenerando para “passa quatro”, que passou a ser o nome do rio: “Rio Passa Quatro”. E ao que tudo indica, o local da travessia pode ter sido nas imediações do que hoje ficou conhecido como região do Passaquatinho. (Por Elson Gonçalves de Oliveira, advogado e escritor)

1 de novembro de 2013

Bullying e Cyberbullying. Como combater

A prática do bullying infelizmente é uma realidade ainda em crescimento, especialmente em ambiente escolar, incomodando educadores e chefes de família em praticamente todas as localidades. Diariamente alunos são vítimas, no mundo inteiro, de certo tipo de violência que vem camuflada em forma de “brincadeira”, às vezes até com aparência inofensiva, mas que pode gerar consequências desastrosas na vida da criança e do adolescente, provocando traumas irreparáveis. É comum presenciar no ambiente escolar um aluno “zoando” o outro com apelidos pejorativos, risadinhas irônicas, empurrões, tapas, fofocas, mentiras etc. Outra prática é “gelar” o(a) colega, excluindo-o(a) do relacionamento costumeiro do grupo. Outra ainda é esbofetear ou provocar a queda do(a) colega, principalmente em local onde a pessoa possa se sentir humilhada e derrotada, como o caso do adolescente tímido e fraco fisicamente que todos os dias, ao passar perto de determinados colegas, no pátio, na hora do recreio, ou na entrada e saída da escola, recebe um tapa na cabeça ou sofre uma queda em razão de alguém colocar o pé propositalmente para que tropece, de forma inexplicável. Esse tipo de comportamento, considerado normal por muitos pais, alunos e até professores, está longe de ser inocente. Trata-se de uma prática tão comum entre crianças e adolescentes que recebe até um nome especial: bullying. O termo vem do inglês e designa agressões reiteradas entre estudantes. Traduzido literalmente, seria algo como intimidação. Em outras palavras, pode-se dizer que quem sofre com o bullying é aquele(a) aluno(a) perseguido(a), humilhado(a), intimidado(a). E as vítimas do bullying, por medo ou vergonha, sofrem em silêncio, sem exteriorizar nenhuma reação. Bullying, assim, é constituído pela prática de atos provocativos e intimidatórios, intencionais, reiterados e injustificados, direcionados a alguém do próprio convívio social. Desta forma, embora o bullying seja um ato de violência, tem-se que nem toda violência é considerada bullying. O ato isolado não o configura. Somente a prática reiterada – vale dizer: não isolada – de intimidação, provocação, humilhação, escárnio o constitui. Na internet, essa prática agressiva é conhecida como cyberbullying e se caracteriza quando sites da ueb, como Orkut e Twitter, são utilizados para denegrir, depreciar, hostilizar, incitar a violência e adulterar fotos e dados pessoais como forma de constrangimento psicossocial. Portanto, não se trata de brincadeiras ou desentendimentos corriqueiros e ocasionais. Especialistas revelam que esse fenômeno, que acontece no mundo todo, poderá provocar nas vítimas, notadamente nas crianças e adolescentes, distúrbios os mais diversificados ao seu desenvolvimento psíquico, como queda da autoestima, depressão e, em certos casos, até suicídio ou outras tragédias, como lesão corporal ou mesmo homicídio. E os autores do bullying podem adotar comportamentos de risco, de prática de atos infracionais ou criminosos e acabarem tornando-se adultos violentos, sujeitos a responder na justiça pelos seus atos ilícitos e a compor danos morais em favor de suas vítimas. Entendida em sua forma mais ampla, essa prática agressiva denominada bullying atinge a convivência familiar e as relações com os amigos, ambiente de trabalho ou qualquer grupo de que faz parte o indivíduo. No seio da família, infelizmente, os idosos são as principais vítimas. Como combater a prática ostensiva do bullying e cyberbullying? Primeiro, conscientizar-se de que não se trata de mera brincadeira, de atos inofensivos e sem importância, próprios das crianças ou adolescentes, e deixar que seus autores ajam livremente, sem repressão alguma. Segundo, não se pode permitir que tal malefício se propague, sob pena de comprometer o ambiente escolar. Se a escola não se acha preparada para o combate, que então diligencie no sentido de qualificar os seus membros o quanto antes, pois tanto a educação quanto a segurança constituem direitos do cidadão e deveres do Estado. Terceiro, é imprescindível que a família e a escola se empenhem em mostrar às crianças e aos adolescentes a necessidade da prática de outros valores, como o respeito ao semelhante, a amizade, o amor recíproco, o relacionamento pacífico entre as pessoas e o amor de Deus para cada um de seus filhos. Talvez esteja aqui a chave para a solução de uma prática tão abusiva e tão desrespeitosa para com o ser humano. Os ensinamentos de Jesus Cristo são direcionados para rumo oposto à prática do bullying ou cyberbullying. Suas palavras são de justiça, amor, perdão, misericórdia... E o seu reino, que não é deste mundo, começa aqui: “Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra; os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados; os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia; os puros de coração, porque verão a Deus; os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus; os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus!” (Mt 5,5-10). Elson Gonçalves de Oliveira é advogado (e-mail: elson.go@hotmail.com)